Rui Soares Costa © 2025 | All Rights Reserved
home/work/texts/sofia_marçal_2016/...
Sweet Series with a garden view
The exhibition of Contemporary Art should be part of the program of a museum like the Museu Nacional de História Natural e da Ciência. This holds true as a programatic strategy to acquire new visitors, take them across different domains, promote the creation of new sensibilities and contribute to dilute the surpassed boundaries between Art and Science. The museum today is an open space, keen to the interdisciplinary contamination that comes from the outside world.
The contemporary museum looks to the convergence and interaction of cultural discourses that potentiate knowledge and the public interest. It can’t live without a strong, umbilical connection to the “its” city. As long as this relation has well defined goals and it is well planned and thought through, bringing unknowing visitors to stumble in art exhibitions will foster the cross pollination of knowledge, promoting the emergence of new sensibilities, and preparing the public to the complexity and multitude of the contemporary experience and its relation with history.
The Sweet Series exhibition is the perfect illustration of this principle. It is also a defining moment, marking the beginning of an artistic career, as the first exhibition of Rui Soares Costa, with the end of Sala do Veado and Sala Sacarrão as contemporary art venues.
These are the endings that matter. The ones that have continuity, that are associated with new beginnings. It is the end of a cycle that will open new paths. This is what we should aim for both in the artistic and scientific work. New questions that emerge from the process of answering to the old ones. New questions that converge to dissolve borders, erase limits, bridge across domains, search for new mediums and build new connections and reactions without loosing the singularity and creative idiosyncrasies of each discourse.
The Sweet Series bring the idea of a life cycle, a central concept to any Botanic Garden, to the art discourse. It does so with evolving, ephemeral paintings, emerging from a continuous and endless process. Rui Soares Costa’s work can’t be summarised in a single idea of creation, to the process of making or the way it is displayed. It goes well beyond just this. It isn’t only the materials that are different, it is mostly his interpretation of this complexity.
The Museu Nacional de História Natural e da Ciência is the perfect venue for such an exhibition. It is the place where the artist, also trained as a scientist, shows his work. All knowledge is an open piece. Art that uses and builds on science, or nature, can take its mechanisms to use and test them elsewhere in an experimental way. It is this methodological appropriation, the experimentalism in the artistic making, that relates to the scientific experimentation. The matrix that one can read behind the work being exhibited here is this continuous search for the risk, for the boundary conditions as a tool to deepen knowledge.
Sofia Marçal
Museologist
Museu Nacional de História Natural e da Ciência
__________
Versão em Português
Sweet Series with a garden view
A realização de exposições de Arte Contemporânea deve fazer parte do plano de atividades de um museu como o Museu Nacional de História Natural e da Ciência, enquanto linha programática e estratégica com a finalidade de angariar novos visitantes, cruzar públicos, criar novas sensibilidades e dissolver as já arcaicas fronteiras entre Arte e Ciência. Os museus dos dias de hoje querem-se porosos, arejados e permeáveis, desejavelmente interdisciplinares.
O museu contemporâneo tende para a convergência e interação das atividades culturais, potenciadoras de conhecimento e interesse das populações, determinantes na ligação do museu à cidade. Desde que essa relação seja pensada, com objetivos concretos e bem definidos, atrair a atenção dos visitantes que “tropecem” em exposições de arte, sem qualquer conhecimento prévio ou ideias pré concebidas, proporciona a convivência de várias sensibilidades culturais, promovendo a polinização cruzada de conhecimento tão essencial para a formação de um público sintonizado com a complexidade do fenómeno contemporâneo e a sua relação com a história, qualquer que ela seja.
A exposição Sweet Series vem ao encontro deste pressuposto e marca simultaneamente o início de uma carreira artística, como primeira exposição do Rui Soares Costa, e o fim da Sala do Veado e da Sala Sacarrão enquanto espaços dedicados à arte contemporânea.
Estes são os fins que interessam, os que têm continuidade, os que estão associados a novos começos. É o fechar de um ciclo que abrirá novos caminhos. Esse é o mais interessante resultado a que se pode aspirar, quer no trabalho artístico, quer científico. São as novas questões que convergem para a dissolução das fronteiras, para o apagar de limites, para a inclusão, para a procura de outros médios, de outras relações e reações sem se perder a individualidade criativa própria de cada domínio.
O ciclo de vida como conceito fulcral a qualquer Jardim Botânico é um elemento central da Sweet Series, tendo em conta a efemeridade destas pinturas e a sua natureza evolutiva como processo contínuo e inesgotável. O trabalho de Rui Soares Costa não se resume a uma ideia da criação, à concretização da obra e à sua apresentação, vai muito para além disso. Porque não é só o suporte material que pode ser muito diferente, é sobretudo a sua interpretação.
O Museu Nacional de História Natural e da Ciência é o local próprio para a realização desta exposição enquanto espaço onde o artista, também com formação científica, mostra o seu trabalho. O conhecimento, todo o conhecimento, é uma peça em aberto. A arte construída com, ou a partir da ciência, ou da natureza, também pode ser algo que se baseia em mecanismos que possam ser testados de uma forma experimental. É esta apropriação metodológica, este experimentalismo na abordagem do processo de criação artística que se relaciona com o experimentalismo da ciência. A matriz que percebe- mos nos trabalhos aqui expostos é essa constante procura do risco, das zonas limite como instrumento de conhecimento.
Sofia Marçal
Museóloga
Museu Nacional de História Natural e da Ciência